Saturday, April 12, 2025

Visualizando Hard Skills: Estratégicos e em Alta Demanda

Há alguns dias eu vi uma apresentação sobre skills, mais precisamente sobre "Hot Skills necessários e estratégicos".

Embora o tema seja extremamente interessante e relevante, a forma que os dados foram apresentados foi confusa.

Não tenho os dados originais da apresentação, mas tentei reproduzir com dados que pedi ao Copilot (IA Generativa da Microsoft) gerar.

Fiz esta pergunta ao Copilot:

Gostaria que você gerasse 2 listas:
- A Lista 1 deve ter Hard Skills Estratégicos no Mercado Atual.
- A Lista 2 deve ter Hard Skills Necessários / Demandados no Mercado Atual.

Cada lista deve ter aprox. 36 skills, sendo:
- Hard Skill / Tecnologia
- % demanda (ou seja, em 100 empresas, % que estão procurando estes skills - por ser porcentagem, a somatória deste campo precisa ser 100%).

O Copilot gerou duas listas, mas precisei refiná-las por meio de algumas interações, já que, inicialmente, ele tratou 'Cloud Computing' e 'Computação em Nuvem' como habilidades distintas.

Mas, no final, consegui minhas listas, de forma satisfatória, e com referências de sites reais, suportando a veracidade das informações.

Desta lista, criei este primeiro gráfico, similar ao que vi na apresentação que assisti:

Hard Skills / Tecnologias Estratégicas e em Demanda no Mercado Atual 
(fonte dos dados: Copilot, 10-Abr-2025 / imagem: Adriana Weingart com Excel)


Antes de entrar na "boa-e-velha discussão" Gráfico de Pizza vs não Gráfico de Pizza, vou listar alguns pontos que observei:

1 - Logo de cara, eu parei e fiquei tentando ler as letrinhas da legenda e tentando achar a cor equivalente no gráfico. 

  • O primeiro desafio foi: ler as letrinhas pequenas (sim: estou ciente do uso da hipérbole nesta expressão). 
  • O segundo desafio foi achar a cor relacionada da legenda no gráfico - e aqui tem um ponto negativo a mais: naquele tamanho de letrinha da legenda, o verde claro, verde médio, verde musgo, verde palmeiras (eca! #VaiCorinthians) e qualquer outro verde é só isso: verde.
  • Esse segundo desafio me incomodou por mais um ponto: comecei a assumir algumas coisas, como: assumi que o primeiro skill listado na legenda é o skill com maior "fatia". Mas... E se quem criou o gráfico mexeu nisso. Eu não deveria precisar fazer suposições para ler o gráfico.
2 - Passando a fase de tentar ler (print na tela, zoom in e voilà) e achar a equivalência (suposições), comecei a tentar a avaliar os skills listados, e me deparei com mais pontos de atenção:

  • Os skills estratégicos (futuros) aparecem antes dos skills em demanda (presente) - isso pode ser tanto pensado para ser assim (querendo dar ênfase no futuro), mas não seria mais interessante "garantir" o presente primeiro? E neste caso, os skills em demanda deveriam aparecer à esquerda (já que no Brasil lemos da esquerda para a direita).
  • Não há uma correlação de cores para os mesmos skills que aparecem em estratégicos e em demanda. O que seria interessante para avaliar os skills e sua importância ou relevância.
3 - Agora sim, entrando na discussão da pizza...
  • As fatias, enquanto bonitinhas, dificultam o entendimento dos dados. O quanto "Inteligência Artificial e Machine Learning" é listado como mais estratégico que "Cibersegurança"? As fatias pequenas representam quais dados e com qual relevância? Apesar do gráfico de pizza ser simples e intuitivo e muito útil para visualização da participação relativa de cada categoria no total, ela só funciona assim para poucas categorias. Quando há muitas categorias, e as porcentagens forem parecidas, o gráfico fica confuso e passa sensação de imprecisão ao tornar difícil identificar a diferença entre elas.
  • A projeção 3D do gráfico, apesar de ser visualmente impactante e muitas vezes passar uma sensação de sofisticação, o efeito 3D pode distorcer o tamanho das fatias - fazendo-as parecer maiores ou menores em algumas situações. Esse efeito também pode dificultar a comparação precisa entre os segmentos, diminuindo a legibilidade.
4 - Um ponto positivo do gráfico (pelo menos este que gerei) foi que ele "passou no teste" do Coblis - Color Blindness Simulator. Coloquei a imagem lá, e ainda conseguia perceber (com as dificuldades já listadas acima) cores diferentes.


Com estas considerações em mente, montei outros gráficos e o slide correspondente:

Hard Skills / Tecnologias Estratégicas e em Demanda no Mercado Atual 
(fonte dos dados: Copilot, 10-Abr-2025 / imagem: Adriana Weingart com Excel e PowerPoint)


Apesar deste novo "slide" ter mais texto, e ainda poder receber algumas melhorias, ele me parece mais informativo e claro, contando a história dos dados que o alimentaram.


E este ponto me fez começar a refletir em outras coisas, no tópico de Visualização de Dados e Criação de Apresentações:

  • Que história meu dado está contando / quer contar?
  • Que história o slide está dizendo para quem o visualiza?

 

Não é apenas sobre colocar os dados no Excel e criar um gráfico bonitinho, que passa uma sensação agradável impactante. É sobre a narrativa construída, a história que os dados e a apresentação contam, e o impacto que ela gera nas pessoas e nos negócios, no contexto em que está inserida.


Acho que ainda é válido mencionar que não é apenas sobre fazer o gráfico no Excel, copiar e colar no slide do PowerPoint e é isso.  É pensar nos dados, pensar na história, pensar na apresentação e como ela ficará - design, contexto, cores. É montar um quebra-cabeças, e no final, observar se o resultado conta a história do dado (como um todo, e cada pedaço).


O que você achou desta transformação? Há algum ponto que poderia ser acrescentado / tirado para melhorar a história na 2a imagem? Você tem alguma dica para apresentação e visualização de dados? Compartilhe aqui...


#DataViz #VisualizaçãoDeDados #DataAnalysis #Skills #HardSkills #Learning #Carreira #TechnicalCareer


Postagems relacionadas:

- Uma proposta de visualização...

- A mágica por trás da imagem

Wednesday, April 9, 2025

Redes de Computadores e sua segurança

Logo que terminei a faculdade de Engenharia Civil, não consegui emprego na área. Então, iniciei uma Especialização em Análise de Sistemas.

Por que estou mencionando este fato? Por que estou lembrando que tive na especialização uma matéria chamada "Redes", que, como em várias outras situações semelhantes em que me encontrei não sabendo de nada do assunto, minha mente resolveu imitar a mente do Bobby. 

("O fantástico mundo de Bobby" / "Bobby's World", de 1990).

Então... nestes 2 últimos dias, tive um "déjà vu". Trabalhando com outros colegas em uma solução de redes, lembrei daquelas aulas (há muitos anos), e percebi o quão pouco eu evolui em redes (preferindo focar em SAP, e mais recentemente em Dados e IA).

Resolvi "relembrar" algumas coisas, e registrar aqui.

Conceitualmente, as redes de TI seguem o Modelo OSI (Open Systems Interconnection), que divide a comunicação em 7 camadas, cada uma com funções específicas. 

Mas, enquanto o Modelo OSI é mais teórico e usado aprendizado, desenvolvimento de padrões e análise de redes, há o Modelo TCP/IP (Transmission Control Protocol / Internet Protocol) que foi criado para permitir a comunicação entre sistemas diferentes na internet, sendo mais prático e diretamente implementado nos protocolos de rede, sendo a base da conectividade global.

O Modelo TCP/IP também é dividido em camadas, mas apenas em 4 camadas.

Comparação entre os modelos OSI e TCP/IP

Há uma correspondência entre as camadas dos 2 modelos:

Correspondência entre as camadas dos modelos OSI e TCP/IP


E segurança?

Todas as camadas (de ambos os modelos) desempenham um papel importante na comunicação de redes, mas algumas são consideradas mais críticas por que lidam diretamente com a transmissão dos dados na internet, e devido à sua exposição a ataques e impactos na seguranca e desempenho.

No modelo TCP/IP:

A - Camada de Internet (equivalente à Camada 3 / Rede, do Modelo OSI)

  • Responsável pelo roteamento e endereçamento IP.
  • Ataques comuns: IP spoofing, ataques de roteamento, DDoS baseado em ICMP.
  • Proteção: Firewalls, VPNs, lista de controle de acesso (ACLs).
B - Camada de Transporte (equivalente à Camada 4 / Transporte, do Modelo OSI)
  • Gerencia a entrega dos pacotes TCP e UDP entre dispositivos.
  • Ataques comuns: TCP SYN Flood, UDP Flooding, manipulação de conexões.
  • Proteção: Rate limiting, inspeção profunda de pacotes (DPI), mecanismos de controle de sessão.
C - Camada de Aplicação (equivalente às Camadas 5 / Sessão, 6 / Apresentação e 7 / Aplicação, do Modelo OSI)
  • Interage com aplicativos e usuários, sendo a camada mais exposta.
  • Ataques comuns: SQL Injection, XSS, phishing, DDoS HTTP Flood.
  • Proteção: WAFs (Web Application Firewalls), autenticação multifator, validação de entrada de dados.
Considerando o Modelo OSI, a camada 1 (Física) também é crítica do ponto de vista da infraestrutura, pois ataques físicos podem comprometer completamente um sistema.

Manter defesas robustas nessas camadas é essencial para proteger sistemas contra ataques cada vez mais sofisticados.


E, com este estudo e post, percebo que há muito mais para se estudar em termos de redes e segurança. Mas isso ficará para próximos estudos e posts.

Será que redes está finalmente deixando de ser aquele pedaço de pano que colocamos entre duas árvores para deitar e dormir?



#Network #RedesDeComputadores #NetworkSecurity #ModeloOSI #ModeloTCPIP #CyberSecurity

Monday, March 3, 2025

Reflexões sobre IA...

 Esta semana, a Ana Paula Appel compartilhou em seu perfil no Instagram "Crazy for Data", um texto bem interessante sobre IA (Inteligência Artificial) que gostei muito, e vou reproduzir aqui.


A IA vê apenas...

O passado e não o futuro.
O padrão e não o propósito.
Conformidade e não comprometimento.
Dados e não história humana.
Correspondência de palavras e não compreensão.
A escrita e não o pensamento.
Tempo de resposta e não amizade.
O que foi implementado, não o que foi considerado.
Seus eventos de calendário, não o que eles significam para você.
A decisão final, não os momentos de inspiração.
O que funcionou antes, não o que funcionará a seguir.
O que você fez, não por que você fez.
Sua sombra digital, não o verdadeiro você.


A Inteligência Artificial é muito útil e inegavelmente, uma realidade hoje. Mas ela não substitui o ser humano em toda sua complexidade, sua criatividade, suas emoções e realizações.

Usar a IA, sim! Depender da IA, não! A IA é para nos ajudar a irmos além, a nos permitir explorar novos caminhos e possibilidades.

Joanna Maciejewska expressou muito bem um bom caminho para a IA:

Joanna Maciejewska, sobre IA

"I want AI to do my laundry and dishes so that I can do art and writing, not for AI to do my art and writing so that I can do my laundry and dishes."
“Quero que a IA lave minha roupa e minha louça para que eu possa fazer arte e escrever, não que a IA faça minha arte e minha escrita para que eu possa lavar minha roupa e minha louça.”

E ela ainda vai mais longe, em seu perfil no X (antigo Twitter), explicando que: 

"This post isn't about wanting an actual laundry robots. It's about wishing that AI focused on taking away those tasks we hate (doing taxes, anyone?) and don't enjoy instead of trying to take away what we love to do and what makes us human."
"Este post não é exatamente sobre querer robôs para lavar a roupa. É sobre desejar que a IA se concentre em tirar aquelas tarefas que odiamos (fazer Imposto de Renda, alguém?) e não gostamos, em vez de tentar tirar o que amamos fazer e o que nos torna humanos."


Ha cerca de 2 anos, o ChatGPT apareceu (e com ela, várias outras IAs Generativas), tornando o acesso a recursos de Inteligência Artificial mais simples e populares. E cada vez mais, vemos os usos se expandindo, se diversificando - e também, o medo de ser substituido/a por ela.

Enquanto o ser humano mantiver sua capacidade de criação, de ser criativo, de ir além, de compreensão, de entender o porquê e seu senso crítico, mantiver as emoções e sua humanidade, e entender que a IA é uma ferramenta, um suporte, e não o objetivo, teremos possibilidade de fazer nossa arte, buscar inspiração, enfim, sermos nós mesmos, mas melhores.

Mas, estamos prontos para essa conversa?

Deixo o questionamento e a reflexão...


#IA #AI #ArtificialIntelligence #InteligênciaArtificial #GenAI #PoV #PontoDeVista #PointOfView

Tuesday, January 14, 2025

Python: .iloc e .loc

Ainda na série "Vivendo e Aprendendo", agora foi em Python.

Faz um bom tempo que faço confusão com os métodos .iloc e .loc do Pandas. E hoje, resolvi estudar um pouco mais e entendê-los.

Vou compartilhar minhas anotações aqui na esperança que ajude outras pessoas a entenderem também...

Começando do básico, .iloc e .loc são métodos do Pandas, uma poderosa biblioteca do Python utilizada para manipulação e análise de dados. Eles são usados especificamente para indexação e seleção de dados de dataframes.


- Método .iloc

Usado para indexação baseada na posição dos índices. Funciona com números inteiros e permite selecionar linhas e colunas pelo índice de suas posições.

(Lembrando que, quando criamos um dataframe no Pandas sem especificar índices personalizados, eles são atribuidos automaticamente: índices inteiros sequenciais começando do 0 - ou seja, a primeira linha / coluna terá índice 0, a segunda linha / coluna terá índice 1 e assim por diante. Há maneira de redefini-los, personalizá-los, mas isso é papo para outro post.)


- Método .loc

Usado para indexação baseada no rótulo dos índices. Funciona com os nomes dos índices e permite selecionar linhas e colunas pelos rótulos que forma atribuídos a eles.


Apesar do foco dos métodos serem diferentes (.iloc: índices | .loc: rótulos), a sintaxe deles é semelhante:

dataframe.método[linha, coluna]

df.iloc[linha, coluna] OU df.loc[linha, coluna]


E daí, refinando, por exemplo, o .iloc:


df.iloc[:, coluna] --> Seleciona todas (símbolo :) as linhas da coluna indicada do dataframe df

Exemplo:

df.iloc[:, 1] --> Seleciona todas as linhas da coluna de índice 1, ou seja, a 2a coluna.


df.iloc[linha, :] --> Seleciona todas (símbolo :) as colunas da linha indicada do dataframe df

Exemplo:

df.iloc[2, :] --> Seleciona todas as colunas da linhas de índice 2, ou seja, a 3a linha.

Observação: este cenário (selecionar todas as colunas) para linhas específicas pode ser escrita de forma simplificada: df.iloc[linha]. Assim, o comando df.iloc[2] retornaria o mesmo resultado que df.iloc[2, :].


Selecionando intervalos de linhas ou colunas:

df.iloc[linhas_início:linhas_fim]

df.iloc[:, colunas_início:colunas_fim]


E, para seleção de múltiplas linhas e colunas:

df.iloc[linhas_início:linhas_fim, colunas_início:colunas_fim]


E, para o .loc funciona da mesma forma, mas usando o rótulo das linhas e colunas.


#LearnerMidset #VivendoEAprendendo #AWTechBits

Monday, January 13, 2025

Você sabia que a palavra "people" é plural?

Não importa há quanto tempo você fala inglês, ou o seu nível de fluência, sempre há algo novo para aprender. E isso vale para qualquer língua – até mesmo para aquelas que somos nativos!

Hoje, descobri que "people" é plural. Pois é, é plural.

O correto é usá-lo com o verbo no plural: "People are..." Por exemplo: "People are waiting for us" ou "There are people waiting for us."

(O singular seria "person" – "There is a person waiting for us.")

Há exceções? Claro, sempre há! Em contextos específicos, "people" pode ser considerado singular, mas essas situações são raras e geralmente ocorrem em textos técnicos, especializados ou mais antigos, onde "people" se refere a uma entidade singular, como uma nação ou grupo étnico.

Exemplos:

  • "The people is sovereign."
  • "The People's Choice Award is given annually."
  • "The People's Republic of China is..."

Outra exceção interessante é o uso da palavra "persons" – uma forma mais formal e arcaica de dizer "people" em contextos legais ou técnicos, e é tratada como plural: "Five persons were found alive." A forma mais atual seria "Five people were found alive."

Vivendo e aprendendo... #LearnerMidset 

Se você também teve uma descoberta interessante sobre inglês, outra língua ou outro assunto de tecnologia, compartilhe nos comentários! Vamos aprender juntos!

Thursday, November 14, 2024

Explicando a área de TI

Talvez só quem trabalhe nesta área entenda realmente (e sinta!) esta piada.  Mas para aqueles que não trabalham, ela pode dar uma boa ideia de como é.

Não sei quem a escreveu - só sei que já faz muitos (e bota muitos) anos que a vi pela primeira vez, e sempre com uma imagem do Garfield:


Se mexer, é Biologia;
Se feder, é Química;
Se não funcionar, é Física;
Se ninguém entende, é Matemática;
Se não faz sentido, é Economia ou Psicologia;

Agora, se não mexe, não fede, não funciona, ninguém entende e não faz sentido, com certeza é Informática!


E, deixo aqui também a imagem associada, só pelo saudosismo mesmo:


E você, tem alguma piada legal sobre "definições"? Ou alguma imagem "saudosista" (ou memes, para os mais novos)? Compartilha aí!

Monday, October 21, 2024

Suas realizações não falam por si mesmas. Dê voz a elas!


Em setembro passado (há pouco mais de um mês), como mencionei neste post (E teve TDC São Paulo 2024! Trilha Data Science), participei do TDC São Paulo 2024. Além de co-coordenar a trilha de Data Science, também tive o prazer de compartilhar um pouquinho do que tenho estudado e aplicado na minha carreira na trilha Carreira e Mentoria.

Nesta edição, falei sobre Self-Advocacy: "Suas realizações não falam por si mesmas. Dê voz a elas!". E agora, nesta postagem, vou compartilhar um pouquinho do que falei lá para quem não teve a oportunidade de participar.


Para começar, uma reflexão...


Você completou aquele super projeto e ...?

Você tirou várias certificações técnicas no ano, completou todos os requerimentos do trabalho, entregou várias inovações e ...?

Você se esforçou, virou noite, fez horas extras e ...?

... NADA?


Será que faltou algo?

SIM! Alguém falar por suas realizações - já que elas não falam por si mesmas.

Faltou Self-Advocacy!



Compartilhando experiências...


Como ganhei meu Sansão de Pelúcia...


Quando comecei a namorar, sempre passava em frente a uma loja e soltava indiretas sobre como gostava daquele coelhinho. Só que nunca dizia claramente: "Quero que você me dê o Sansão de presente".

Algumas (várias) indiretas depois, meu namorado me disse para ser clara nos meus pedidos.

Ganhei o Sansão, mas a lição vai além de presentes: se meu namorado precisou ouvir claramente, imagine meu gerente, meu mentor, meu sponsor.


Três Certificações de carreira em um ano...

Há alguns anos, tirei no mesmo ano 3 certificações de carreira. Uma delas foi esta do The Open Group: Distinguished Technical Specialist (The Open Certified Technical Specialist (Open CTS) Certification). Também cumpri as outras metas para desenvolvimento.

Mesmo assim, minha avaliação anual de performance foi apenas "achieved" (e não "exceeded", já que obtive certificações que não estavam planejadas e duas eram no nível mais alto possível).

Isso me fez entender a necessidade de comunicar efetivamente nossas conquistas.


Com estes exemplos, já podemos pensar nos impactos...



Quais são os impactos quando nossas realizações não são reconhecidas?


Falta de reconhecimento
- nossas contribuições podem passar desapercebidas se não nos destacarmos. Isso pode limitar nosso crescimento profissional e reconhecimento por parte de colegas e superiores.

Baixa visibilidade profissional - profissionais que se destacam em auto-promoção tendem a ter mais visibilidade. Sem isso, podemos acabar ficando em segundo plano, mesmo tendo um desempenho excelente.

Desvalorização do trabalho - sem um esforço ativo para promover o valor do que fazemos, outras pessoas podem assumir o crédito pelo nosso trabalho, ou nossa contribuição pode ser subestimada.

Avaliações imprecisas - quando nossas realizações não são devidamente reconhecidas, nossas avaliações de desempenho podem não refletira a realidade do nosso trabalho; e isso levar a uma discrepância entre o que realmente fizemos e o que foi registrado, prejudicando nosso histórico profissional e futuras oportunidades de crescimento.

Oportunidades perdidas - quando não falamos sobre nossas realizações, podemos ser menos considerados para promoções, aumentos de salário ou novos projetos pois as pessoas podem não estar cientes de nossas capacidades e sucessos.

Promoções tardias ou inexistentes - a falta de reconhecimento pode atrasar ou até impedir promoções. Se nossos superiores não estão cientes de nossos feitos e contribuições, podemos ser passados por colegas que são mais visíveis ou que promovem melhor suas realizações. Isso pode causar frustração e desmotivação.

Dificuldades em negociar - Se não estamos acostumados a destacar nossas realizações, pode ser difícil apresentar argumentos convincentes ao negociar uma promoção, um aumento salarial ou até mesmo novos desafios. A autoconfiança necessária para negociações bem-sucedidas muitas vezes se baseia em um histórico de realizações bem comunicadas e reconhecidas.


Quem nunca passou por uma (ou todas) essas situações?


Vender é uma arte


Arnold Schwarzenegger compartilhou em um vídeo (Sell, Sell, Sell! Arnold Schwarzenegger on The Art of Selling) que vender é uma arte, é a única maneira das pessoas saberem sobre o que fizemos:

Most of the actors in the seventies and eighties refused to sell their movies. They said: “This is not my job. I’m an artist. I don’t sell. I’m not a sales man out there”, and all this stuff. This was my strength, because I studied to be a salesman. And so I realized then the importance of selling. That no matter what you have, if you have a podcast, if you have movie, if you have a painting, if you have a car, a technology, a medicine, whatever it is, if people don’t now about it, you have nothing. The more people that know about your product or about your talent, the more you can go and be successful. So therefore, this idea of selling, publicizing, marketing, communicating, convincing, all of those kind of things is an art.

Foto from Internet (CinemaWeb)


Então a ideia aqui é vender, e promover e vender nosso produto: nós mesmos e nossas realizações!



Autopromoção


O que é:

  • Explicar nosso valor e representar nossos interesses para os outros.
  • Comunicar nossas contribuições e necessidades.
  • Falar por nós mesmos e o que é importante para nós.

O que NÃO é:

  • Rebaixarmos os outros ou deixar que os outros sejam silenciados.
  • Sermos excessivamente ou pouco confiante.
  • Sermos inautênticos.

Mas... alguém pode estar perguntando: "Se fizermos isso, serão que não seremos vistos de forma negativa ou sofrer retaliação?"


Isso é contar vantagem?


Dizzy Dean, um ícone do beisebol americano disse uma vez: "Não é se gabar se você fez isso".

No livro "Brag! The Art of Tooting Your Own Horn without Blowing It" (traduzido como "Diga o que você fez: A arte de se autopromover sem parecer chato"), Peggy Klaus, especialista em comunicação, ensina como promover nossas habilidades e conquistas de forma eficaz e sem parecer arrogante. O livro oferece um guia prático para comunicar nossas realizações de maneira convincente, abordando situações como entrevistas de emprego, avaliações de desempenho e promoções, ajudando os leitores a se destacarem sem ofender ou alienar colegas e superiores.


Então, não! Não é contar vantagem, e há formas de fazer isso. Mas primeiro, precisamos quebrar alguns mitos e mudar algumas formas de pensar...


Forma de Pensar


Foco na Prevenção vs Foco na Promoção


Temos uma tendência natural de pensar com foco na prevenção:
  • Aprendermos a evitar o risco.
  • Evitamos nos expor de forma a evitar demissão.
  • Crescemos ouvindo que não precisamos/devemos "nos vender"
  • Deixamos a timidez dominar nossos pensamentos
  • E deixamos a baixa auto-estima nos controlar
Enquanto deveríamos pensar com foco na promoção:
  • Buscar (e assumir) riscos controlados.
  • Focar nas metas e suas realizações.
  • Focar no sucesso e na criatividade.
  • Ser auto-confiante.
  • Acreditar em nós mesmos.

O foco na promoção não é algo que acontece naturalmente. Precisamos prestar atenção e orientar o cérebro e nossos pensamentos nessa direção. É exercício constante!



Mitos e vícios em nossa forma de pensar


Não podemos assumir...


... que os outros conhecem nossas ações e realizações da mesma forma que nós (Viés Egocêntrico).

... que vemos o mundo exatamente como ele é, ou que os outros veem o mundo da mesma forma que nós (Realismo Ingênuo).

E muito cuidado com...


... o preço que pagamos quando não acreditamos em nós mesmos, em nossas capacidades, habilidades, talentos e dons (Imposto da Confiança).

... a tendência de atribuirmos nossos êxitos à sorte (aleatoriedade), ao acaso ou a um - errôneo - fato de termos enganado os outros, e não ao nosso próprio talento (Síndrome do Impostor).

... a tendência de evitar ou não receber crédito pelo nosso sucesso, mas aceitar a culpa pelos nossos fracassos (Efeito da "Modéstia Feminina" - que tem esse nome por ser mais frequentemente discutido em relação às mulheres, mas que também afeta os homens).



Mais estória...


"Certa vez, um grande amigo do poeta Olavo Bilac queria muito vender uma propriedade, de fato, um sítio que lhe dava muito trabalho e despesa. Reclamava que era um homem sem sorte, pois as suas propriedades davam-lhe muitas dores de cabeça e não valia a pena conservá-las.

Pediu então ao amigo poeta para redigir o anúncio de venda do seu sítio, pois acreditava que, se ele descrevesse a sua propriedade com palavras bonitas, seria muito fácil vendê-la.

E assim, Olavo Bilac que conhecia muito bem o sítio do amigo, redigiu o seguinte texto:

Vende-se encantadora propriedade onde cantam os pássaros, ao amanhecer, no extenso arvoredo. É cortada por cristalinas e refrescantes águas de um ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila das tardes na varanda.

Meses depois, o poeta encontrou o seu amigo e perguntou-lhe se tinha vendido a propriedade.

- Nem pensei mais nisso - respondeu ele. Quando li o anúncio que você escreveu, percebi a maravilha que eu possuia."


Texto extraído do site Pensador, onde há a nota: "Não se sabe a autoria do texto e se o episódio com o jornalista e poeta Olavo Bilac de fato aconteceu. O texto começou a circular na internat por vota de 2008".


Esse texto nos faz pensar sobre conhecer o que temos, do nosso produto: nós mesmos e nossas realizações!



Auto-conhecimento


Precisamos saber e conhecer nosso próprio valor antes de poder explicá-lo para os outros.


Conheça seu valor

É fundamental entender e reconhecer suas habilidades e realizações.

Faça uma autoavaliação honesta das suas competências, conquistas e pontos fortes. Faça uma lista de seus sucessos, certificações e contribuições significativas. Isso ajudará a formar uma base sólida para comunicar seu valor aos outros.

Ferramentas auxiliares: Portfólio de Carreira, Matrix SWOT (FOFA).


Descreva suas contribuições (e seja preciso/a)

Ser claro/a e específico/a sobre suas realizações é crucial.

Em vez de dizer "Contribui para o projeto X", detalhadamente exatamente o que fez: "Liderei a equipe na entrega do projeto X, que resultou em um aumento de 15% na eficiência do processo". Use dados e exemplos concretos para mostrar o impacto do seu trabalho.

Ferramentas auxiliares: 5W2H (veja aqui um posto sobre a Metodologia 5W2H e como usuá-la para documentar suas realizações).


Seja confiante (na medida certa)

Confiança é atraente e transmite segurança. No entanto, é importante equilibrar a confiança com humildade. Reconheça suas conquistas sem parecer arrogante. Demonstre que você acredita nas suas capacidades, mas também está aberto a aprender e crescer.


Saiba o valor do seu trabalho (compare, faça pesquisa no mercado)

Entenda como o seu trabalho é valorizado no mercado. Pesquise sobre salários, benefícios e expectativas para sua posição e indústria. Isso não só ajuda a negociar melhores condições, mas também reforça seu entendimento do seu valor profissional.


Prepare-se!

Conheça todos os detalhes do seu trabalho: números, resultados e impactos. Esteja ciente do que a sua audiência valoriza e adapte sua comunicação para refletir isso. Tenha objetivos claros e realistas sobre como, quando e onde falar sobre suas realizações.

A área de café da empresa pode não ser o melhor lugar para apresentar os resultados daquele super projeto que você completou. Um email pode ser mais que o suficiente para compartilhar uma nova certificação, desde que devidamente detalhado com as informações importantes.

A preparação é a chave para uma apresentação confiante e eficaz.


Palavra chave: PLANEJAMENTO!


Planejar é essencial para saber quando e como promover suas realizações. Isso inclui desde a organização das suas ideias até a estratégia de comunicação.

Tenha um plano de ação para documentar suas conquistas e depois para compartilhá-las em momentos estratégicos, como revisões de desempenho, reuniões de equipe ou redes sociais profissionais.


Algo importante:


Conte com a sorte...


... mas seja agente ativo dela


"Sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade"

- Séneca (filósofo romano) 



E finalmente...


Não perca o foco


Comemore cada vitória e mantenha lista das suas realizações!

Pense nisso...

... você tirou uma certificação e compartilhou no LinkedIn.

Como você fez isso?

Apenas clicou na mensagem automática sugerida pela plataforma, ou escreveu um texto explicando a importância da certificação, o esforço investido, e o que espera dela?

... você está completando seu relatório de realizações para sua revisão anual de performance com seu gerente.

Como você descreve o que fez?

Apenas lista as atividades que fez, sem muitos detalhes, ou detalha cada atividade, usando 5W2H e/ou storytelling?

... você está pegando um café na empresa, e encontra o/a CIO do seu lado. 

O que você faz / fala?

Apenas um "Oi, tudo bem?", ou se apresenta, e faz seu "elevator pitch" de forma clara para poder iniciar um network com ele/a?


Dê o devido valor ao que você faz! 
E sucesso!